Alimentar hoje, respeitando o amanhã

Alimentar hoje, respeitando o amanhã

Um espírito empreendedor aliado à presença da suinocultura no DNA dos fundadores. Essa combinação deu origem à Nutribras Alimentos.

Referência no País e no exterior sobre como produzir alimento de forma sustentável, o segredo para o sucesso, conta o médico veterinário Jonas Steffanello, gerente de HSQ (Saúde, Segurança e Qualidade), foi “não ter medo de errar”.

A paixão pela atividade, contudo, não afasta o profissionalismo na condução dos negócios. “A implementação de novas tecnologias e processos com certeza contribuiu para a nossa escalada produtiva e crescimento”, reforça Jonas.

Localizada em Sorriso, no Mato Grosso, a Nutribras tem capacidade hoje para abater e processar três mil suínos por dia e seus produtos são comercializados em diversas cidades do Brasil e do mundo. A história desta agroindústria, porém, começa décadas lá atrás, com a família Lucion, em outro Estado brasileiro, no município de Ouro Verde, em Santa Catarina.

Como contextualiza Jonas, na região Sul do País há um limite para as áreas voltadas à agricultura. Situação diferente é visualizada no Centro-Oeste. “Ainda é uma fronteira agrícola, com muita área de pasto degradado sendo transformada em lavoura”, conta o médico veterinário.

“Há a possibilidades de duas safras, ou seja, na mesma área de terra o produtor consegue produzir milho e soja no mesmo ano. E, também, o potencial hídrico é considerado o maior do País, o que abre as portas para a agricultura irrigada e uma terceira safra, além de incremento de produção na segunda safra”, explica.

Diante da tendência de aumento populacional e consequente maior demanda por alimentos, parte da família Lucion deixou o Sul e chegou ao Centro-Oeste em 1995. “O objetivo era produzir milho com um custo mais baixo e transportar para a suinocultura em Santa Catarina, dando sustentabilidade à atividade”, conta Jonas.

A coragem foi recompensada e não demorou para uma nítida percepção acerca do futuro da Nutribras estar intimamente ligado à cidade de Sorriso. “Com poucos anos na região, ficou claro se tratar de uma área extremamente promissora”, pontua o gerente.

Assim, a companhia, em 2000, se estabeleceu no Centro-Oeste brasileiro. A primeira granja, informa Jonas, comportava 900 matrizes. “E assim começamos a ganhar corpo”, relata.

O foco na suinocultura se manteve e a atividade, a partir de então, ganhou porte industrial. “Em Sorriso teve início o nascimento de uma agroindústria realmente. Em questão de três anos a empresa já contava com 7 mil matrizes. Houve um vertiginoso crescimento da produção”, descreve Jonas.

Essa crescente é explicada pela rápida implementação de diversas tecnologias que chegavam ao País. “Era necessário acompanhar de perto essas novidades e fazer uso delas para aumento de produção e melhor disponibilidade de ingredientes para produção de ração”.

Nesse ritmo, conforme a disponibilidade de recursos e ingredientes e absorção da produção pelo mercado, a companhia foi crescendo, sempre inovando, com granjas cada vez mais modernas. “Erramos muitas vezes pelo pioneirismo”, reconhece Jonas. Contudo, esse é o preço a ser pago por estar na vanguarda. Em diversas outras ocasiões, os ganhos foram muito superiores.

Um exemplo prático desse discurso foi a instalação de um biodigestor, em 2004. “Uma prova de coragem, pois fomos um dos primeiros a encarar esse desafio”, destaca o gerente.

O investimento se configurou como um importante marco na história da companhia, reconhece Jonas. A tecnologia foi determinante diante da limitação em relação à energia elétrica: “Com a resolução desse entrave voltamos a ter autonomia e estávamos liberados para ampliar as instalações e crescer novamente”.

Além da energia, o biodigestor também contribuiu com o início da adubação orgânica das lavouras. Com isso, o custo de produção caiu, propiciando uma boa competitividade para a empresa. Outro avanço importante se deu com a climatização de todas as granjas de maternidade, inclui o gerente. “Extremamente importante para o bem-estar animal, implementamos por conta da produção de energia elétrica própria, do gás dos biodigestores”.

A energia vinda dos biodigestores abriu um leque de possibilidades sem precedentes. Naquela época, a companhia passou a produzir seu próprio biodiesel e farelo de soja, por exemplo. Com o passar do tempo e a chegada à região de Sorriso de empresas especializadas nestas áreas, passou a ser mais fácil comprar do que produzir. Assim, o foco voltou ao negócio principal, a suinocultura.

Com cerca de 10 mil matrizes, o gargalo da Nutribras passou a ser a dependência do mercado comprador de suíno. “Até certo ponto, um risco para nós”, avalia Jonas. Para contextualizar, nesses primeiros anos de atuação no MT, a empresa vendia para o chamado mercado independente. “Chegamos a carregar suínos daqui de Sorriso para um frigorífico em Belo Horizonte, percorrendo mais de 2 mil km”.

Em 2010, dando sequência à estratégia de ampliação da companhia, foi iniciado o projeto do frigorífico. O próprio Jonas visitou feiras internacionais, como a EuroTier, na Alemanha, e agroindústrias na Espanha e Estados Unidos. “Com essa base, trazendo também a experiência de engenheiros com conhecimento na área, o projeto foi definido e, em 2011 teve início o sistema de abate”.

Neste primeiro momento, a capacidade era de 800 animais abatidos ao dia. Em paralelo, indústria e granjas foram crescendo. A produção saltou para 980, e o frigorífico acompanhou. No ano seguinte, a produção atingiu 1.300 e a capacidade da indústria chegou à marca de 1.800 animais/dia. “Assim, passamos a ter uma participação na compra de produtores independentes na nossa região”, relata Jonas.

Neste cenário, novos desafios surgiram, sendo o principal deles a manutenção da qualidade dos produtos. Foram poucos os fornecedores parceiros selecionados, lembra Jonas. Um compromisso de compra era firmado ainda antes da construção da granja, a qual devia seguir uma série de orientações e padrões da Nutribras.

“O que não é produção própria, vem de suinocultores que trabalham dentro de um modelo, com normativas de trabalho, principalmente em relação à genética e nutrição, fatores que influenciam demais a qualidade do suíno que chega no frigorífico”, pontua Jonas e completa: “É a maneira que funciona até hoje”.

Essa atenção e o cuidado fazem parte da estratégia estabelecida desde o início das operações da Nutribras: atingir os grandes centros urbanos do País. “Qualidade e profissionalismo são imprescindíveis”, determina o gerente.

Como o mercado local não é capaz de absorver a produção, para não causar uma superoferta e derrubar o preço do produto, parcerias estratégicas foram firmadas com representantes e grandes redes em Belo Horizonte, Goiânia e São Paulo, dentre outros. “Temos, em São Paulo, um centro de distribuição com câmaras frias, importante para dar capilaridade às nossas entregas”, acrescenta o gerente.

As demandas e exigências por parte desses clientes elevaram a régua na Nutribras. Rastreabilidade, por exemplo, é obrigação, deixa claro Jonas. “Além de garantir a segurança alimentar de toda a nossa carne produzida, assegura a frequência dos processos e, com isso, a manutenção do padrão de qualidade”.

Com isso, portas fora do País também foram abertas. “A exportação veio como um importante ponto dentro da nossa estratégia”, indica Jonas e explica: “Esses embarques abriram possibilidades de venda para os miúdos, o que representa um faturamento importante. Basicamente é isso, pois o nosso foco é no mercado interno”.

Foi questão de um ano de trabalho para a empresa ir além das carcaças e oferecer ao mercado cortes temperados. “E passados dois anos a companhia já contava com a linha de embutidos”, conta.

Com foco no consumidor, a Nutribras desenvolveu uma série de produtos além das carcaças. De acordo com Jonas, atualmente 40% da produção da companhia é fornecida a distribuidores e redes fazerem seus cortes e produtos. O restante é trabalhado internamente e comercializado com marca própria, como cortes temperados, linguiças e diversos embutidos. A projeção para essa segunda categoria é ultrapassar a marca de 80% de participação nos resultados da empresa em breve.

“Acreditamos muito no mercado brasileiro. Temos um espaço grande para aumentar o consumo per capita”, reforça o gerente. Tanto que já no início das operações a Nutribras passou a ofertar nove tipos de cortes. E as inovações não param. O mais recente exemplo foi a importação da genética Duroc, dos Estados Unidos, para integrar uma linha de produtos gourmet.

“Vamos contribuir com a expansão do consumo de carne suína no mercado brasileiro oferecendo não apenas uma carne de qualidade em termos de segurança alimentar, mas também em relação ao sabor e coloração”, revela Jonas e afirma: “A entrada desses reprodutores importados é mais um marco na história da Nutribras, pois garantem uma diferenciação dos nossos produtos”.

Ainda sobre essa linha, Jonas afirma não se tratar apenas de um produto com uma embalagem bonita. “Esse tipo de mercado precisa de algo a mais”, determina. Além da genética, o grande diferencial está na nutrição. “Na nossa região temos uma boa disponibilidade de cereais, então, não precisamos trabalhar com resíduo industrial na dieta dos animais, o que contribui com a qualidade da carne. E, especificamente para a linha gourmet, temos um programa nutricional desenvolvido para os animais Duroc, que garante um diferencial bem relevante”.

Seja com a linha gourmet ou com os produtos tradicionais, a Nutribras continua trabalhando para contribuir com o aumento do consumo no Brasil, seja na carne suína do dia a dia ou para o churrasco de fim de semana.

Na visão de Jonas, há uma boa expectativa de crescimento no País para os cortes suínos já consolidados e tradicionais em bovinos, como a picanha e o mignon. Outra aposta do gerente é o lombo. “Melhoramos esse nosso corte, que não é mais uma carne extremamente seca; já temos hoje um pouco de marmoreio nessa peça”, relata. E, ainda, os produtos porcionados e práticos para o dia, além de embutidos realmente cárneos, como mortadelas “sem fécula de mandioca em sua composição”.

NADA SE PERDE. Na Nutribras, todo dejeto vira insumo para uma outra atividade. A companhia se orgulha disso, a ponto de estampar o selo “autossustentável” em seus produtos. “Reciclamos 100%. Não há nada gerado que cause um desgaste ambiental”, afirma Jonas.

Esse selo nasceu após auditorias realizadas pelo MAPA, em 2015. Na época, o ministério elencou algumas empresas para representarem o agronegócio brasileiro mundo afora. E a Nutribras foi a escolha certeira para mostrar ao mundo como é possível, no País, produzir e preservar ao mesmo tempo.

Além da preocupação ambiental, os investimentos geram excelentes retornos econômicos. A energia elétrica, como já pontuado, traz diversos benefícios; e o resíduo do tratamento dos efluentes das granjas, posteriormente transformado em adubo orgânico, gera melhores índices de produtividade nas lavouras. Ou seja, todos ganham.

Uma empresa voltada à sustentabilidade, onde o conceito se faz presente na rotina dos colaboradores, desde uma simples separação do lixo reciclável. “Conscientizamos os colaboradores e parceiros por meio dos exemplos; as práticas sustentáveis não são impostas”, confirma Jonas.

A conscientização sobre a importância do tema colabora diretamente com a questão do bem-estar animal. “Teremos uma evolução muito grande nessa área nos próximos anos, dentro do planejamento estratégico da empresa”, indica o gerente.

Hoje, cerca de 70% da produção da Nutribras está alinhada à recente normativa de bem-estar animal proposta pelo MAPA. “Ainda este ano devemos comunicar ao mercado sobre uma adequação 100%. O prazo dado pela normativa é de 30 anos. Já adianto que vamos demorar bem menos”.

Assim, bem-estar animal, responsabilidade ambiental e reciclagem dos recursos são valores intrínsecos na cultura Nutribras, além de um perfil empreendedor por parte dos proprietários, elenca Jonas. “Essas características desafiam toda a equipe a sempre evoluir”, determina.

Essa somatória de valores aliada ao profissionalismo na condução da suinocultura garante, conclui Jonas, alimentos com qualidade e de forma autossustentável, sem comprometer os recursos naturais das futuras gerações.

Fonte: https://www.revistafeedfood.com.br/pub/curuca/?numero=171&edicao=11640#page/58

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